terça-feira, 9 de junho de 2009

Levantem as mãos quem conhece quem tem ou teve câncer?

Colaborei, em 2003, na criação e implantação do Programa de Analise de Resíduos de Medicamentos Veterinários em alimentos de Origem Animal, denominado PAMvet-PR, da Divisão de Vigilância Sanitária de Alimentos da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná. Pode ser considerado um sub-programa do Programa de Análise de Resíduos de Medicamentos Veterinários em Alimentos de Origem Animal – PAMVet, criado e desenvolvido pela Agência nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.

O PAMvet-PR difere do PAMvet na metodologia utilizada para o desenvolvimento de suas ações. Logo no início, decidiu-se pelo Planejamento Estratégico Situacional, amplamente difundido dentro do Sistema Único de Saúde – SUS. Foram selecionadas 5 Regionais de Saúde – Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Cascavel e Curitiba - com o objetivo de desenvolver o programa de forma descentralizada aproveitando que existem Médicos Veterinários em todas e que nestas Regionais temos universidades estaduais que foram, também, incorporadas ao grupo de trabalho. Na coordenação foram nomeados o Laboratório Central de Saúde Pública – LACEN/PR e o Departamento de Vigilância Sanitária ambos órgãos da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná- SESA, onde pode-se consultar os trabalhos que foram desenvolvidos desde 2003 até hoje.

Por conta deste trabalho e do Programa de Analise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos – PARA, somando-se o fato de ter-me especializado em Sistemas de informações em saúde nas intoxicações por agrotóxicos, andei de sala em sala palestrando pelo estado, e continuo até hoje com os Seminários denominados “Os Venenos em Nossos Pratos”, que são coordenados pelo Conselho de Fiscalização do Cumprimento da Lei de Rotulagem dos Transgênicos, grupo criado pela Casa Civil do Governo do Estado do Paraná.

Já ministrei palestras para um público de aproximadamente 10.000 pessoas neste período, publico esse composto pelas mais variadas pessoas, desde pequenos agricultores familiares até alunos de especialização e mestrado.

Logo no início, fui convidado a fazer uma palestra sobre Agrotóxicos e seus impactos na saúde, na Conferência de Saúde do Município de Maripá no oeste do estado, em decorrência de que lá a incidência de cânceres chamou a atenção do Ministério Público que solicitava providências. Lá estava eu falando quando resolvi solicitar a plenária de umas 350 pessoas, profissionais de saúde, usuários do SUS, outros profissionais e pessoas interessadas na questão saúde pública:

“Levantem as mãos quem conhece quem tem ou teve câncer?”

Fiquei muito assustado com o que vi. Aproximadamente 90% daquele plenário respondeu positivamente a questão, continuei perguntando sobre alergias e infertilidade, e obtive como reposta um percentual de aproximadamente 70 e 60%, respectivamente.

Depois de em todas as palestras formular as mesmas perguntas, em Cascavel mês passado resolvi especificar a solicitação para o câncer de mama para uma plenária que era composta em sua maioria por mulheres e jovens. A resposta foi alarmante 80% respondeu positivamente.

São indagações empíricas com respostas empíricas, entretanto, não posso esquecer que a resposta foi dada por estas 10.000 pessoas de municípios distintos, das várias regiões do estado, o certo é que as respostas me induzem perguntar:

1. Será que estas ocorrências possuem relação com a utilização indiscriminada de agrotóxicos?
2. Se sim, quais agrotóxicos, de qual grupo?
3. Herbicidas, talvez?
4. Será que as substâncias químicas caracterizadas como xenoestrogências podem estar criando tal situação?


Não tenho respostas, mas fica aqui o alerta:

Há ocorrência destas patologias para além das estatísticas oficiais.

Um comentário:

Leonardo Meimes disse...

Só não entendo como isso não é alarmante para os políticos que agente elege... Ahhhh esqueci eles que são donos das empresas que produzem pesticidas, herbicidas, transgênicos e que utilizam da mão de obra semi-escrava em seus latifúndios sem ligar se os trabalhadores estão morrendo de câncer ou não...

Deveria ser fácil de ver o aumento das estatísticas de câncer no mundo depois da 'REVOLUÇÃO VERDE ', o complicado é que relacionar um câncer com uma alimentação rica em pesticidas é difícil, principalmente em uma sociedade com um consumo suicida(CIGARROS, ALCOOL, TRANSGÊNICOS e alimentos artificiais). Como saber que câncer veio do que?